LAMENTOS DE UM INTERNADO
Luiz Antonio Sega
Enquanto em tiram o sangue
Do venoso e do arterial
Pela janela do hospital
Eu bombeio o sol poente
Dizem que estou doente
Mas não sabem o bem o que é
E eu vou mantendo a minha fé
De ir lá na pitanga
Cantar na beira da sanga
Mesmo sem conseguir ficar em pé
Dizem que a infecção
É meio generalizada
E nem mesmo a pedrada
Tão matando a bactéria
Eu não sou mestre na matéria
E nem o porque eu pergunto
Mas se botassem tudo junto
Casca e folha de pitanga
Fervidas na água da sanga
Estaria resolvido o assunto
E o lado do poente
É o lado de Mondaí
Que eu sinto perto daqui
Pela janela do hospital
E o pior de todo esse mal
Não tá no rim ou no pulmão
Me dói mesmo é o coração
De não ir lá na pitanga
Cantar na beira da sanga
Por isso chora o vosso irmão
Enquanto alguém ta lendo isso
Com certeza estou chorando
E afinal me perguntando
Porque todo esse sofrimento
Já tomei tudo que é medicamento
Já os conheço pelo cheiro
Uns por metade, outros por inteiro
Inalados injetados e ingeridos
Só não permiti os introduzidos
Porque afinal sou pitangueiro.
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